quinta-feira, 29 de novembro de 2007

"Meu Bom Levi" - Soneto Daimista

.



“Meu bom Levi”



Uma conta cobrada em sessão



A chaga de menino que causei,
Perdida entre mim e mesmo em mim,
Pulou pela goela e me afoguei
E o cuspe que sorvi... veneno, assim.

“Depois de vinte anos, regressei,
Porque a conta aberta era sem fim” –
Foi quem – quando moleque – magoei,
Voltou para cobrá-la junto a mim.

Orgulho – ingrato pai dos afogados –
Não resta quem lhe tome como bóia
Ao mar por onde nadam naufragados;

Mas só me coube um gole, um, somente,
Pra mão eu estendê-la além da bóia
À busca de salvar-me em mar doente.




(Fredson N. Aguiar)

Nenhum comentário: